segunda-feira, 23 de julho de 2018

GERÊS PROFUNDO - CINCO CUMES

Para quem já anda na serra à algum tempo, o termo "Gerês profundo" é usado com alguma frequência. Após meses de jejum de serra, finalmente e ansiosamente consegui lá voltar, e, como a "fome é negra", junto com o meu habitual parceiro de crime, o Alberto Pereira, desta vez acredito termos tocado naquela que actualmente poderá ser uma das zonas mais intocadas pelos pés montanhistas, o tal Gerês profundo. Sendo assim, para que a jornada se tornasse ainda mais significativa, decidimos atacar 5 cumes no trajecto desenhado, que em cerca de 22,5km percorridos em dia de calor, testaram a nossa capacidade de sofrimento, e baixa de forma. +1400m de ascensão acumulada, porque há que treinar para desafios maiores. 



A zona de que falo, é a da raia fronteiriça onde se situa o Céu Rubio, no lado português e a Ourela dos Rubios, no espanhol. A fauna avistada é prova de um estado selvagem, felizmente. 
Para lá chegar vindo de Portugal, qualquer trajecto será duro, especialmente em dia de calor.

Cumes subidos:

Alto da Abelheira  1013m
Alto do Bezerral 1124m
Céu Rubio 1346m
Ourela dos Rubios 1425m
Compadre 1241m

Pelo caminho fomos adentrando alguns dos mais belos currais desta serra, que nesta altura estão pujantes de verde e, os regatos, estranhamente cheios de vida. 

Num dia de trepadelas constantes, a mais inclinada era a da Ourela, mesmo no pico da hora de calor. Lá de cima, o espectáculo avista em todas as direções para Portugal e Espanha. Visão também rara sobre o Pico da Nevosa, ali bem ilusoriamente perto. Um mundo raro, valioso e que nos justifica o esforço.

Se querem ir para a serra, têm de saber que vão pagar um preço. Saber sofrer, transcender, aguentar, e perceber que no final não são as pernas que nos carregam... é a nossa cabeça e coração. Em troca, a paz, o sorriso, a memória, a amizade, o prazer estranho de comer uma merenda carregada durante km à sombra do único carvalho num raio de centenas de metros. Na trazemos de lá, um saco cheio de humildade e a estranha vontade de lá retornar...o mais rápido possível.

Sentimo-nos  como anões arrojados, que apenas munidos da vara da coragem, partimos para descobrir e enfrentar criaturas fantásticas, num mundo de real fantasia, onde os dragões se medem em altitude e declive. 

Abraço e boas caminhadas. 




























































































































1 comentário:

Alberto Pereira disse...

Estas acertivas linhas que aqui partilhaste vão ao encontro do inesquecível dia de montanha vivenciado, onde o um objetivo esteve sempre presente: ir muito mais além do que o óbvio!
A serra estava incrível!
A dureza faz parte do todo...
Obrigado e grande abraço!