Objectivo traçado: ligar duas aldeias em serras distintas, tocando os cumes principais e também os intermédios minimizando o recurso a estradões. Bem vindos à ligação pedestre de dois mundos fascinantes: Alvão-Marão.
Neste belo dia de primavera, começamos a andar em Lamas de Olo, aldeia das mais bem situadas que conheço, imbuídos daquela energia primordial típica da criança que tem um grande embrulho de presente diante de si, para abrir.
Os registos fotográficos foram sendo feitos na medida do possível. O andamento não era para turismo.
Neste tipo de actividade em que o objectivo é especialmente ambicioso, a excitação pela descoberta, manifesta-se a cada passo, num frenesim de felicidade.
Às 9h30 estávamos nas Caravelas 1330m, a contemplar as vistas enormes.
O próximo cume será o Vaqueiro 1311m, cujas imediações estavam pintadas de lilás e amarelos como raramente tinha visto: maravilhoso. Daqui também se pode melhor apreciar este parque tão belo.
Fraga Gorda e Pena Suar 1239m, um local incrível, e verdadeiro miradouro para o vale da Campeã e para o Marão. Para lá chegar, uma interminável subida, para por á prova estes dois anões.
Logo a começar, uma subida violenta que nos volta a repor a cota para cima dos 1100 em pouca distância. Isto seria apenas amostra do que faltava. Lá por cima seguimos sempre por caminho antigo e na sempre na aresta, que passo a passo nos levará ao objectivo final. Esta cumeada é especialmente dura para conquistar, especialmente quando já se leva na bagagem para cima de 1600 m positivos e 25km nas pernas. As subidas são muito inclinadas e os cumes... tão perto da vista, demoram a chegar. É isto a montanha. É isto o Marão.
Portal da Freita 1344m. Local de vistas absolutamente deslumbrantes e apesar de dali se avistar a Sra da Serra tão perto, sabemos por experiência que ainda falta pôr muita raça para lá chegar.
Arrisco dizer que o melhor ficou para o fim: estes caminhos antigos na zona do Portal da Freita e até ao cume do Marão, são dos mais bonitos que por cá vi, e não fosse por mais, já justificavam esta visita. (fotos do Alberto
Em cada um dos muitos cumes conquistados durante a jornada, a intensidade da recompensa, aumenta á medida que nos aproximamos do último cume: a Sra da Serra, topo da Serra do Marão.
Á nossa espera, o sr Nuno, com o táxi para nos devolver à procedência a Lamas de Olo, onde, no café local, refrescámos as ideias.
Estatísticas mesuráveis:
Percurso efectuado:
Lamas de Olo >
Caravelas 1330m >
Vaqueiro 1311m >
Covelos 1106m >
Barra 1068m >
Pena Suar 1239m >
Portal da Freita 1344m >
Sra. da Serra 1416m >
Soutelo.
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32.040 metros percorridos.
1860m de ganho de altitude.
2159m de perca de altitude.
4019m de desnível acumulado
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A paixão está bem viva, e apesar de não sermos jovens e já termos visto e subido muita coisa nesta Ibéria, continuamos a ser surpreendidos como se pela primeira vez o fossemos.
Portugal tem beleza para dar e vender. Aquilo que não tem, infelizmente, é uma cultura de natureza madura. Em vez de se criar e proteger efectivamente estas zonas para ficarem o mais perto possivel do seu estado selvagem, proliferam as estradas até aos cumes. Em vez de se recuperar e manter os trilhos dos nossos antigos, colocamos tábuas por cima do chão, (como se o solo tivesse lepra), passadiços, eólicas, pontes megalómanas, baloiços...baloiços...
Um país, também nesta área, vendido aos interesses económicos e sem mão firme.
Necessáriamente, e porque acredito no progresso da humanidade, a verdade e sabedoria há de se manifestar, e outros, terão de desmontar estes atentados.
Mesmo assim, muito ainda se pode desfrutar na lusitana terra. Ao trabalho enquanto há pernas.
Uma palavra para sumarizar o dia: emocionante.
Abraço ao Alberto Pereira -Trilhos a Norte (A norte? isso já foi tempo🙂 ), essa máquina infernal que mesmo afirmando estar em baixo de forma, galga os montes de roda no ar.
A minha gratidão ás nossas mulheres e famílias, e para todos, ficam aqui estas palavras de circunstância para mais tarde recordar e também esperançosas de vos contagiar com o espírito da do contacto com a natureza. Palavras no entanto, leva-as o vento. Fica a eterna recordação gravada no fundo da alma imortal; estará sempre lá. Venha a próxima aventura no Mundo da Alma.
VIVAM AS MONTANHAS
GO HARD OR GO HOME
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VÍDEO
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